Você sabia que existem cerca de 800 espécies de carrapatos que podem afetar humanos? Mais alarmante ainda: a febre maculosa, transmitida por carrapatos em humanos, atingiu uma taxa de letalidade de aproximadamente 70% dos casos em São Paulo no último ano.
Entretanto, há uma boa notícia: para que um carrapato infecte uma pessoa, ele precisa ficar grudado na pele por pelo menos 4 a 6 horas. Por isso, identificar e remover rapidamente um carrapato é fundamental para prevenir doenças graves, como a febre maculosa e a doença de Lyme.
Na verdade, a picada de um carrapato pode causar uma área vermelha ao redor da mordida, chegando a cinco centímetros de diâmetro, e os sintomas podem se desenvolver entre 2 a 14 dias após o contato. Neste guia completo, vamos ensinar como identificar, remover com segurança e tratar adequadamente casos de carrapato em humanos.
Como identificar um carrapato grudado na pele
Identificar um carrapato grudado na pele é fundamental para evitar complicações e doenças, especialmente porque esses parasitas precisam ficar pelo menos quatro horas fixados ao corpo para que ocorra a transmissão de patógenos. Ao contrário do que muitos pensam, os carrapatos não são insetos, mas sim aracnídeos, parentes das aranhas e escorpiões. Vamos aprender como identificá-los corretamente.
Aparência visual de diferentes tipos de carrapatos
Os carrapatos apresentam características que variam conforme a espécie e seu estágio de alimentação. Entre as mais de 800 espécies catalogadas, algumas são mais comuns no Brasil. Em geral, esses parasitas possuem corpo achatado, exoesqueleto quitinoso, quatro pares de pernas e ausência de antenas.
O carrapato-estrela (Amblyomma) é um dos mais encontrados em solo brasileiro e o principal responsável pela transmissão da febre maculosa. É conhecido por parasitar cavalos, capivaras e também humanos. Uma característica alarmante é seu alto poder reprodutivo – uma única fêmea
pode colocar até 8 mil ovos em apenas 25 dias.
Outro tipo comum é o carrapato-marrom ou urbano, frequentemente encontrado em cães domésticos. Este é provavelmente o que mais afeta humanos em ambientes urbanos.
O tamanho desses parasitas varia significativamente:
- Quando não alimentados: poucos milímetros
- Após alimentação: podem atingir até 3 cm
- Carrapato-de-galinha: cerca de meio milímetro quando adultos
Um detalhe importante: os carrapatos imaturos, conhecidos como “micuins”, são responsáveis pela maioria dos casos de infecção em humanos. Por serem muito pequenos, são mais difíceis de detectar visualmente.
Locais do corpo mais comuns para fixação
Os carrapatos procuram áreas quentes e úmidas do corpo para se fixar. Portanto, é essencial verificar cuidadosamente as seguintes regiões:
- Axilas
- Virilhas
- Couro cabeludo
- Atrás das orelhas
- Região da cintura
- Costas (áreas de difícil visualização)
Ao examinar o corpo, utilize um espelho ou peça ajuda para verificar áreas que não consegue enxergar facilmente. Embora as informações para cães indiquem que patas, entre os dedos e pescoço sejam os locais preferidos, em humanos, os carrapatos tendem a buscar regiões de pele mais fina e escondidas.
É importante destacar que o carrapato escala o corpo até encontrar um local adequado para se fixar. Além disso, eles são capazes de subir até a altura de um metro em cercas ou outras superfícies, explicando como facilmente alcançam diferentes partes do corpo humano.
Outro dado relevante: a picada geralmente não é percebida no momento em que ocorre. Isso acontece porque o carrapato possui um mecanismo natural que “anestesia” o local da fixação. Portanto, muitas pessoas só percebem a presença do parasita depois que ele já está bem fixado.
Diferença entre carrapato e outros parasitas
A coceira e irritação na pele podem ser sintomas tanto da presença de carrapatos quanto de outros parasitas, como o ácaro da sarna. No entanto, existem diferenças importantes:
Carrapato:
- É visível a olho nu
- Se alimenta de sangue
- Pode causar anemia quando em grande quantidade
- Transmite vírus, bactérias e protozoários, mas não causa sarna
- Pode passar da grama para a pele durante um passeio
Sarna:
- Causada por ácaros microscópicos
- Transmitida por contato direto com pessoa ou animal infectado
- Provoca túneis na pele, não visíveis a olho nu
- Causa coceira intensa, principalmente à noite
Ademais, no caso de carrapatos, após sua remoção ou queda espontânea, eles deixam uma marca no local com vermelhidão e coceira. Já na sarna, as lesões tendem a se espalhar pelo corpo e formar pequenas vesículas.
É fundamental não confundir esses parasitas, pois os tratamentos são completamente diferentes. Enquanto para carrapatos é necessária a remoção física do parasita, a sarna exige medicamentos específicos para eliminar os ácaros.
Em caso de dúvida sobre o tipo de parasita presente, o ideal é consultar um médico imediatamente. Profissionais não recomendam que se tente remover carrapatos por conta própria, pois frequentemente apenas o corpo é retirado enquanto a boca permanece fixada na pele, podendo causar infecções.
Estágios de fixação do carrapato no corpo humano
Quando um carrapato encontra seu caminho até nossa pele, inicia-se um processo de fixação que pode durar dias. O aparelho bucal desses parasitas é especialmente adaptado para se fixar firmemente na pele humana, tornando-se cimentado em apenas 5 a 30 minutos após o contato inicial. Para compreender melhor como identificar em qual estágio o parasita se encontra, vamos analisar cada fase desse processo.
Carrapato recém-fixado
Um carrapato recém-fixado ainda mantém seu tamanho original, sendo frequentemente confundido com um pequeno ponto escuro ou uma pinta na pele. Neste estágio inicial, o parasita acabou de inserir seu hipostômio (aparelho bucal) na epiderme, mas ainda não começou a se alimentar significativamente.
Primeiramente, é importante entender que existe uma janela de tempo crucial neste estágio. A remoção imediata do carrapato é fundamental, pois a transmissão de doenças geralmente não ocorre nas primeiras horas após a fixação. No caso da febre maculosa, por exemplo, o carrapato infectado precisa ficar pelo menos quatro horas fixado na pele para haver transmissão da doença.
Os carrapatos mais jovens (larvas e ninfas) são particularmente perigosos nesta fase inicial, pois são menores e mais difíceis de serem detectados. As larvas e ninfas permanecem se alimentando de sangue, presas na pele por um período que pode variar de 3 a 10 dias antes de se desprenderem.
É importante destacar que, embora o carrapato já esteja fixado, a área ao redor da picada geralmente não apresenta sinais evidentes de inflamação neste estágio. Portanto, a inspeção cuidadosa do corpo após atividades em áreas de risco é essencial.
Carrapato parcialmente ingurgitado
Após algumas horas se alimentando, o carrapato entra no estágio de ingurgitamento parcial. Neste momento, seu corpo começa a expandir visivelmente devido ao sangue ingerido.
A identificação de um carrapato parcialmente ingurgitado é decisiva, pois nesta fase o risco de transmissão de doenças aumenta consideravelmente. Em regiões onde a doença de Lyme é endêmica, a profilaxia com doxiciclina (dose única de 200 mg por via oral para adultos ou 4 mg/kg para crianças com menos de 8 anos) só é recomendada quando se encontra no corpo um carrapato de cervo parcialmente ingurgitado na fase ninfal que se suspeita estar preso à pele por pelo menos 36 horas.
No entanto, não há tanta clareza sobre outras espécies. Sobre os carrapatos Lone Star, por exemplo, não se sabe exatamente quanto tempo eles precisam estar fixados para transmitir doenças. Por isso, é aconselhável consultar um médico sempre que encontrar este tipo de carrapato fixado na pele.
Visualmente, neste estágio, o corpo do parasita aparece mais inchado e sua coloração pode mudar, tornando-se mais clara à medida que ingere sangue. A remoção ainda é bastante eficaz neste estágio para prevenir doenças, especialmente se realizada dentro de 24 horas após a fixação, o que reduz significativamente o risco de infecção com a bactéria da doença de Lyme.
Carrapato completamente ingurgitado
Depois de vários dias se alimentando continuamente, o carrapato atinge seu estado de ingurgitamento completo. Nesta fase, particularmente no caso das fêmeas, o tamanho pode aumentar dramaticamente.
Uma fêmea adulta completamente ingurgitada pode se expandir até se assemelhar a um grão de feijão, com um aumento de volume impressionante em relação ao seu tamanho original. Após atingir este estágio, o carrapato normalmente se desprende naturalmente do hospedeiro. No caso das fêmeas, elas caem ao solo para realizar a postura de até 5.000 ovos, perpetuando o ciclo.
Além disso, a remoção de um carrapato neste estágio de ingurgitamento completo é mais complexa, pois o risco de esmagamento acidental é maior, o que pode liberar patógenos na corrente sanguínea. Por outro lado, carrapatos em estágio avançado de alimentação já podem ter transmitido agentes infecciosos, tornando o monitoramento de sintomas essencial, mesmo após a remoção.
É importante ressaltar que a transmissão da bactéria também pode ocorrer no momento em que carrapatos infectados são retirados com as mãos desprotegidas ou esmagados com as unhas, expondo a pessoa à hemolinfa (fluido corporal) dos carrapatos infectados. Portanto, independentemente do estágio de fixação, a remoção segura e adequada é crucial.
Após a identificação do estágio em que o carrapato se encontra, o próximo passo é sua remoção correta, o que abordaremos nas próximas seções.
Ferramentas necessárias para remover um carrapato com segurança
Para remover um carrapato com segurança da pele humana, é essencial ter as ferramentas adequadas à disposição. A escolha do instrumento correto não só facilita a remoção completa do parasita, mas também minimiza os riscos de infecção por doenças transmitidas por carrapatos. Antes de iniciar qualquer tentativa de remoção, tenha em mãos o equipamento apropriado para garantir um procedimento eficaz e seguro.
Pinças de ponta fina
As pinças de ponta fina são consideradas a ferramenta padrão-ouro para remoção de carrapatos, sendo recomendadas por especialistas em saúde. De acordo com orientações oficiais, estas pinças devem ser posicionadas o mais próximo possível da superfície da pele para garantir a remoção completa do parasita.
Ao utilizar este instrumento, observe estas características importantes:
- A pinça deve ter pontas finas e precisas para agarrar o carrapato próximo à pele
- O material ideal é o aço inoxidável, que permite esterilização adequada
- Pinças com pontas curvas oferecem melhor ângulo de remoção em algumas situações
A técnica correta de utilização é fundamental. Mantenha pressão constante e uniforme, puxando a pinça para cima em movimento único e direto. Evite torcer ou tremer a pinça durante o processo, pois isso aumenta a possibilidade de deixar partes do carrapato presas à pele.
Um detalhe importante: antes de iniciar o procedimento, certifique-se de ter também luvas descartáveis para evitar o contato direto com o parasita. Este cuidado previne a contaminação por meio da hemolinfa (fluido corporal) dos carrapatos potencialmente infectados.
Ferramentas especializadas para remoção
Atualmente, existem diversas ferramentas projetadas especificamente para a remoção segura de carrapatos, tanto em humanos quanto em animais. Estas ferramentas oferecem vantagens sobre as pinças convencionais em diferentes situações.
O removedor de carrapato tipo “gancho” ou “alavanca” possui ranhuras especiais que se encaixam ao redor do parasita. Esta ferramenta permite remover o carrapato com um simples movimento de torção, sem esmagá-lo. Alguns modelos possuem dois tamanhos diferentes de encaixes, adaptando-se a carrapatos maiores ou às pequenas ninfas.
Existem também kits completos de remoção que incluem:
- Pinças de aço inoxidável de duas polegadas
- Pinças pontiagudas para carrapatos maiores já incorporados na pele
- Pinças de ponta super fina moldadas especialmente para remover ninfas e pequenos carrapatos
Um dispositivo médico chamado “Kick The Tick” foi desenvolvido para a remoção segura destes parasitas. Seu design previne infecções por doenças transmitidas por carrapatos como encefalite, doença de Lyme, babesiose e anaplasmose. Tais ferramentas são particularmente úteis para quem frequenta áreas de risco ou possui animais de estimação.
Uma vantagem adicional das ferramentas especializadas é que proporcionam remoção sem dor, sendo ideais até mesmo para uso em animais mais agitados. Além disso, a maioria vem com estojo para armazenamento higiênico.
Itens domésticos que podem ser usados em emergências
Em situações onde ferramentas especializadas não estão disponíveis, alguns itens domésticos podem ser utilizados como alternativa emergencial, embora com maior cautela.
Uma tesoura sem ponta é uma opção viável para remover carrapatos em casos de emergência. O aspecto crucial é que o instrumento utilizado não tenha ponta afiada, evitando deixar restos do parasita presos à pele.
Para uma remoção emergencial segura, reúna os seguintes materiais:
- Tesoura sem ponta ou pinça doméstica de ponta fina
- Luvas ou saco plástico para proteger as mãos
- Solução antisséptica como clorexidina
- Recipiente pequeno ou saco para guardar o carrapato após a remoção
Além disso, o fórceps de ponta curva pode ser uma alternativa eficaz. A vantagem deste instrumento é que sua curvatura externa pode ser posicionada contra a pele, enquanto a manipulação é feita mais afastada, facilitando a tração.
Independentemente da ferramenta escolhida, lembre-se que a técnica adequada de remoção é essencial para evitar complicações. Nunca esmague o carrapato durante a remoção, pois isso pode forçar a liberação de patógenos na corrente sanguínea, aumentando o risco de infecção.
Passo a passo para remover um carrapato corretamente
A remoção imediata de um carrapato é crucial para reduzir o risco de doenças transmitidas por esses parasitas. O processo de fixação do aparelho bucal de um carrapato ocorre em apenas 5 a 30 minutos após o contato com a pele. Quanto mais rápido retirarmos o parasita, menor será o risco de contrair doenças como a febre maculosa. Além disso, para que ocorra a transmissão da maioria das doenças, o carrapato precisa permanecer fixado por pelo menos 4 a 6 horas.
Preparação para remoção
Antes de iniciar o procedimento de remoção do carrapato, alguns cuidados são essenciais:
- Escolha um ambiente bem iluminado e tranquilo para facilitar a visualização do parasita
- Lave as mãos cuidadosamente ou utilize luvas descartáveis para evitar contaminação
- Prepare a pinça ou instrumento escolhido, assegurando que esteja limpo ou, preferencialmente, esterilizado com álcool isopropílico
- Tenha à mão um antisséptico para aplicar após a remoção, como álcool, água e sabão ou clorexidina
- Providencie um recipiente pequeno com tampa para armazenar o carrapato removido caso seja necessário análise posterior
É importante não usar substâncias como álcool, vaselina ou esmalte de unha diretamente no carrapato antes da remoção, pois esses métodos são ineficazes e podem fazer com que o parasita libere mais saliva, aumentando o risco de transmissão de doenças.
Técnica correta de pinçamento
A precisão na técnica de remoção é determinante para evitar complicações. Siga atentamente estes passos:
- Posicione a pinça o mais próximo possível da pele, segurando as partes da boca (aparelho bucal) do carrapato
- Certifique-se de agarrar o carrapato pela cabeça, nunca pelo corpo, para evitar que ele injete saliva ou sangue na pele
- Aplique uma tração constante, suave e firme, puxando o carrapato perpendicularmente à pele, ou seja, diretamente para cima
- Mantenha o movimento contínuo e uniforme, sem torcer, girar ou esmagar o parasita
- Para carrapatos maiores, pode-se fazer um movimento leve de torção para liberar as peças bucais mais facilmente
No caso de carrapatos muito pequenos, uma alternativa é usar um fio dental fino sem cera. Enrole-o o mais próximo possível da pele ao redor da cabeça do parasita e puxe as pontas para cima em um movimento lento e constante.
É fundamental manter a calma durante o processo. O médico infectologista Plínio Trabasso, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), alerta que “se você espremer o carrapato, ele libera mais facilmente a bactéria que está dentro do seu trato digestivo”.
O que fazer com o carrapato após a remoção
Depois de remover o parasita completamente, existem procedimentos importantes a serem seguidos:
- Limpe minuciosamente a área afetada com água e sabão, álcool ou antisséptico como clorexidina
- Verifique se todas as partes do carrapato foram removidas, principalmente as peças bucais. Se alguma parte permaneceu na pele, tente removê-la com a pinça esterilizada
- Para descartar o carrapato com segurança, você pode:
- Colocá-lo em um recipiente com álcool para matá-lo
- Jogá-lo no vaso sanitário e dar descarga
- Embrulhá-lo em fita adesiva antes de descartá-lo no lixo
Em regiões onde doenças transmitidas por carrapatos são frequentes, considere preservar o parasita para possível análise laboratorial. Nesse caso, coloque-o em um pequeno saco plástico selado e guarde no congelador.
Após a remoção, monitore a área da picada nas semanas seguintes. Se aparecer inchaço, descoloração ou outros sintomas como febre e dores musculares, procure assistência médica imediatamente, pois podem ser sinais de infecção.
Métodos que devem ser evitados na remoção de carrapatos
Existem diversos métodos populares para remover carrapatos do corpo que, apesar de amplamente difundidos, são extremamente perigosos e contraindicados por especialistas. Compreender o que não fazer é tão importante quanto conhecer as técnicas corretas de remoção, especialmente porque métodos inadequados podem aumentar significativamente o risco de transmissão de doenças.
Uso de substâncias como álcool ou fósforo
Muitas pessoas acreditam que aplicar substâncias como álcool, esmalte de unha, vaselina ou fósforo quente sobre o carrapato fará com que ele se solte naturalmente da pele. No entanto, estes métodos tradicionais e populares são considerados ineficazes e potencialmente perigosos.
De acordo com especialistas, não é eficaz esfregar um algodão com álcool no carrapato esperando que ele se solte sozinho da pele. O médico infectologista Plínio Trabasso, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), também não recomenda acender um isqueiro para desgrudá-lo do corpo com o calor da chama, pois esta ação pode causar queimaduras.
Além disso, estes métodos não mecânicos podem provocar estresse no parasita, fazendo com que ele libere grande quantidade de saliva, aumentando a probabilidade de infecção. O carrapato sob estresse tende a regurgitar, injetando na pele mais patógenos potencialmente prejudiciais à saúde humana.
Portanto, nunca tente retirar o carrapato aplicando:
- Álcool diretamente sobre o parasita
- Esmalte de unhas
- Vaselina
- Fósforo quente ou chama de isqueiro
- Vinagre ou outras substâncias abrasivas
Esmagamento do carrapato
Outra prática extremamente perigosa é o esmagamento do carrapato durante ou após sua remoção. Por mais tentador que seja destruir o parasita imediatamente, esta ação pode ter consequências graves.
Quando um carrapato é esmagado, ele pode liberar mais facilmente a bactéria que está dentro do seu trato digestivo. As pessoas nunca devem espremer o carrapato, pois isso pode provocar a inoculação da bactéria no corpo. O esmagamento com as unhas, em particular, é uma prática de alto risco que aumenta a possibilidade de contaminação.
Durante a remoção, é essencial aplicar uma pressão leve e constante, puxando para cima de maneira lenta e suave. Certifique-se de não torcer ou esmagar o parasita, mantendo-o intacto durante todo o processo de extração.
Após a remoção bem-sucedida, o carrapato deve ser colocado em um recipiente com álcool para matá-lo com segurança, evitando que sobreviva e se torne novamente um perigo para humanos e animais.
Remoção com as mãos desprotegidas
A remoção de carrapatos diretamente com as mãos desprotegidas representa outro perigo significativo que muitas pessoas desconhecem. Esta prática aumenta consideravelmente o risco de infecção tanto para a pessoa quanto para animais de estimação.
Há evidências de que a transmissão da bactéria pode ocorrer no momento em que carrapatos infectados são retirados com as mãos desprotegidas. Além disso, existe o hábito comum de esmagá-los com as unhas, ação que expõe o indivíduo à hemolinfa (fluido corporal) dos carrapatos infectados, provocando a transmissão de patógenos.
Para evitar este risco, sempre utilize luvas descartáveis ou proteja suas mãos com papel toalha durante o processo de remoção. Esta simples medida cria uma barreira importante contra a transmissão direta de agentes infecciosos.
No caso de não dispor de luvas, uma alternativa aceitável é utilizar um saco plástico limpo como proteção para as mãos. Entretanto, mesmo com esta proteção improvisada, é fundamental evitar qualquer contato direto com o parasita.
Após qualquer manipulação de carrapatos, mesmo usando proteção, lave minuciosamente as mãos com água e sabão. Esta medida adicional de higiene é essencial para eliminar possíveis patógenos que possam ter entrado em contato com a pele durante o procedimento.
Cuidados com a área afetada após a remoção
Após a remoção cuidadosa do carrapato, os cuidados com a área afetada são fundamentais para prevenir infecções e complicações. Os procedimentos adequados podem reduzir significativamente a resposta imunológica cutânea e a possibilidade de transmissão de doenças.
Limpeza e desinfecção do local da picada
O primeiro passo após remover um carrapato é a limpeza imediata da área afetada. Esta etapa é crucial para eliminar possíveis agentes infecciosos que possam ter permanecido na pele. Primeiramente, lave bem o local com água e sabão neutro, esfregando suavemente para não irritar ainda mais a região.
Após a lavagem inicial, aplique um antisséptico apropriado sobre a área da picada. Entre as opções recomendadas estão:
- Solução de clorexidina (um produto antibacteriano suave)
- Álcool isopropílico 70%
- Peróxido de hidrogênio (água oxigenada)
A aplicação do antisséptico deve ser feita com algodão ou gaze limpa, evitando esfregar vigorosamente para não causar irritação adicional à pele já sensibilizada.
Monitoramento de reações alérgicas locais
Durante as primeiras 24-48 horas após a remoção, é essencial monitorar atentamente o local da picada. As reações normais à picada de carrapato geralmente incluem uma protuberância vermelha e elevada, semelhante a uma picada de mosquito desagradável.
No entanto, se você notar edema (inchaço) excessivo e pigmentação anormal na área, isso pode indicar uma reação alérgica mais significativa. Além disso, fique atento a outros sintomas como:
- Vermelhidão que se expande além do local da picada
- Calor e dor na região afetada
- Formação de bolhas ou úlceras
- Inchaço intenso que se espalha
É importante lembrar que os primeiros sinais de doenças transmitidas por carrapatos, como a febre maculosa e a doença de Lyme, podem aparecer em até 4 semanas após a picada. Portanto, continue o monitoramento durante este período.
Quando aplicar medicamentos tópicos
Em casos de reações alérgicas leves, medicamentos de uso tópico podem aliviar os sintomas. Para coceira e irritação moderadas, cremes com corticosteroides de baixa potência podem ser aplicados diretamente no local da picada, seguindo a orientação médica.
Quando houver edema e descoloração local mais intensos, um anti-histamínico por via oral pode ser útil para reduzir o inchaço e a coceira. Estes medicamentos atuam bloqueando a histamina, substância responsável pelos sintomas alérgicos.
No caso específico de lesões por picadas de carrapato Pajaroello, que são mais graves, pode ser necessária a aplicação de solução de Burow 1:20 e até mesmo debridamento (remoção de tecido morto) quando indicado por um profissional de saúde.
É fundamental procurar atendimento médico imediato se apresentar febre, mal-estar, erupção cutânea característica ou dores nas articulações nas semanas seguintes à picada do carrapato, pois estes podem ser sinais de infecção por doenças graves transmitidas pelo parasita.
Sintomas da doença do carrapato que exigem atenção médica
Os sintomas causados por picadas de carrapato podem aparecer entre 2 a 14 dias após o contato com o parasita. O diagnóstico precoce é fundamental, pois as doenças transmitidas por carrapatos podem evoluir rapidamente para quadros graves se não tratadas adequadamente.
Sinais iniciais de infecção
Inicialmente, os sintomas das doenças transmitidas por carrapatos são inespecíficos e facilmente confundidos com outras condições como resfriado, gripe ou dengue. Por isso, é vital informar ao médico que esteve em área endêmica ou de mata e sobre possíveis picadas recentes.
Os primeiros sinais que merecem atenção incluem:
- Febre alta repentina
- Dor de cabeça intensa
- Dor muscular constante
- Mal-estar generalizado
- Náuseas e vômitos
- Diarreia e dor abdominal
Sintomas da febre maculosa
A febre maculosa tem alta taxa de letalidade e requer atenção médica imediata. Entre o segundo e sexto dia após o início dos sintomas, manchas vermelhas (máculas) começam a aparecer principalmente nos pulsos e tornozelos, podendo se espalhar para palmas das mãos e solas dos pés.
Com a evolução da doença, complicações graves podem surgir, como:
- Edema generalizado
- Insuficiência renal
- Manifestações neurológicas e alucinações
- Fenômenos hemorrágicos
- Inflamação do músculo cardíaco (miocardite)
- Pneumonia com insuficiência respiratória
- Quedas de pressão e choque
Indicadores da doença de Lyme
A doença de Lyme apresenta sinais característicos que a diferenciam de outras infecções. O sinal mais distintivo é o eritema migratório, uma mancha vermelha e saliente que aparece no local da picada, geralmente na coxa, nádega ou tronco, entre 3 e 32 dias após a mordida do carrapato.
Esta mancha tem aparência de “alvo” com centro claro, podendo atingir até 50 cm de diâmetro. Entretanto, aproximadamente 25% dos infectados não desenvolvem ou não percebem esta mancha.
Em estágios mais avançados, podem ocorrer:
- Problemas cardíacos como arritmias
- Paralisia facial (Paralisia de Bell)
- Rigidez na nuca
- Inflamação das articulações, principalmente nos joelhos
- Dormência e fraqueza nos membros
Procure atendimento médico imediatamente se apresentar qualquer destes sintomas após exposição a carrapatos.
Carrapato em humanos como tratar: orientações médicas
O tratamento médico adequado após uma picada de carrapato pode ser a diferença entre uma recuperação completa e complicações graves. Embora a maioria das picadas não apresente complicações, conhecer as orientações médicas corretas é essencial para prevenir doenças potencialmente fatais.
Quando procurar um médico após picada de carrapato
Procure assistência médica imediatamente se:
- Desenvolver febre após ter estado em uma área com presença de carrapatos
- Apresentar manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos que se espalham para palmas das mãos ou solas dos pés
- Notar inchaço ou vermelhidão excessiva no local da picada
- Tiver dificuldade para respirar, o que pode indicar paralisia por picada de carrapato
- Sentir dores musculares intensas, dor de cabeça, náuseas ou vômitos
É fundamental informar ao médico sobre a exposição a áreas de risco, pois o diagnóstico precoce melhora significativamente as chances de recuperação sem sequelas.
Tratamentos preventivos
Algumas medidas preventivas podem ser tomadas após a exposição:
Uma dose única de doxiciclina (200 mg para adultos ou 4 mg/kg até 200 mg para crianças acima de 8 anos) pode ser indicada quando todos os seguintes critérios são atendidos:
- O carrapato é um Ixodes scapularis adulto ou ninfal
- Estima-se que tenha ficado fixado por 36 horas ou mais
- A profilaxia pode ser iniciada em até 72 horas após a remoção
- A incidência local de infecção por Borrelia burgdorferi é igual ou superior a 20%
Além disso, o monitoramento constante da área da picada e dos sintomas nas semanas seguintes é essencial.
Antibióticos e outros medicamentos
O tratamento específico depende da doença suspeita ou confirmada:
Para febre maculosa, o médico geralmente prescreve doxiciclina ou cloranfenicol, com duração de aproximadamente uma semana. Em casos graves, a hospitalização é necessária, especialmente nas primeiras 48 horas, consideradas as mais críticas.
Para doença de Lyme, os antibióticos recomendados incluem:
- Doxiciclina, amoxicilina ou cefuroxima por via oral durante 10-14 dias para estágios iniciais
- Ceftriaxona, cefotaxima ou penicilina intravenosa para casos de meningite
- Tratamentos mais prolongados (até 4 semanas) para complicações como artrite
Anti-histamínicos por via oral podem ser úteis para aliviar edema e pigmentação local após a picada.
Lembre-se: o tratamento deve começar imediatamente após a suspeita clínica, mesmo antes do resultado laboratorial, pois a demora pode agravar o quadro e levar ao óbito.
Conclusão
Carrapatos representam uma ameaça séria à saúde, especialmente considerando a alta taxa de letalidade da febre maculosa. Portanto, a identificação rápida e remoção adequada destes parasitas são fundamentais para prevenir complicações graves.
A escolha das ferramentas corretas e técnicas seguras de remoção reduz significativamente os riscos de infecção. Além disso, monitorar cuidadosamente a área afetada nas semanas seguintes à picada permite identificar precocemente sinais de alerta que exigem atenção médica imediata.
Finalmente, lembre-se que o tempo é crucial – quanto mais rápido um carrapato for removido, menor será o risco de transmissão de doenças. Mantenha sempre em casa um kit básico com pinça de ponta fina e antisséptico, realize inspeções regulares após atividades ao ar livre e não hesite em procurar atendimento médico caso apresente sintomas suspeitos.
A prevenção e o conhecimento são nossas melhores defesas contra as doenças transmitidas por carrapatos. Proteja-se e proteja sua família seguindo as orientações apresentadas neste guia completo.
FAQs
1. Como identificar um carrapato grudado na pele? Um carrapato grudado na pele geralmente aparece como um pequeno ponto escuro ou uma protuberância. Procure em áreas quentes e úmidas do corpo, como axilas, virilhas e couro cabeludo. O tamanho pode variar de poucos milímetros a até 3 cm quando ingurgitado.
2. Qual é a maneira correta de remover um carrapato? Use uma pinça de ponta fina para agarrar o carrapato o mais próximo possível da superfície da pele. Puxe para cima com pressão constante e firme, sem torcer ou esmagar o parasita. Após a remoção, limpe a área com álcool ou água e sabão.
3. Quais são os sintomas de doenças transmitidas por carrapatos? Os sintomas iniciais podem incluir febre alta, dor de cabeça intensa, dores musculares e mal-estar geral. Em casos de febre maculosa, podem surgir manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos. Para a doença de Lyme, uma mancha em forma de “alvo” pode aparecer no local da picada.
4. Quando devo procurar atendimento médico após uma picada de carrapato? Procure um médico imediatamente se desenvolver febre, manchas na pele, inchaço excessivo no local da picada, dificuldade para respirar ou dores musculares intensas após exposição a carrapatos. É importante informar ao médico sobre a possível picada.
5. Quais cuidados devo ter após remover um carrapato? Após a remoção, limpe a área com antisséptico. Monitore o local da picada por 24-48 horas, observando sinais de inchaço ou vermelhidão excessiva. Continue atento a sintomas como febre ou mal-estar nas semanas seguintes. Em caso de reações alérgicas leves, podem ser aplicados medicamentos tópicos sob orientação médica.
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